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Rhuan Karllo ressaltou a desvalorização dos servidores que se arriscam para manter o sistema prisional capixaba

17 de Fevereiro de 2019

Um vídeo em que dois supostos detentos ou egressos do sistema prisional intimidam e ameaçam atropelar um Inspetor Penitenciário, que segue fardado de moto após sua jornada de trabalho, viralizou nas redes sociais. Os espectadores se espantam com as imagens, mas o que não sabem é que essa é uma realidade da categoria.

Para expor à sociedade o que realmente acontece no dia a dia de trabalho desses servidores é que o diretor financeiro do Sindicato dos Inspetores do Sistema Penitenciário do Estado (Sindaspes), Rhuan Karllo Alves Fernandes, concedeu entrevista à TV Tribuna (afiliada do SBT).

Durante a reportagem, Rhuan lembrou ao repórter Rafael Schuller que 80% dos Inspetores já receberam algum tipo de ameaça durante o exercício da função, dentro dos presídios ou nos hospitais em que atuam, ou nas escoltas e movimentações que fazem ou o que é ainda mais preocupante: fora do trabalho, no caminho para casa ou nos lugares aonde frequentam.

“As ameaças e intimidações ocorrem de maneira direta, através dos próprios presos, ou de forma indireta, quando eles mandam recado por terceiros. Geralmente, os detentos não aceitam as regras e os procedimentos realizados dentro dos presídios e tentam coagir, intimidar, avisando que conhecem o Inspetor, seus familiares, sua rotina e os ameaçam de morte. E infelizmente os servidores ficam expostos e um dos principais fatores é a falta de valorização profissional”, explicou Rhuan.

Questionado sobre como essa valorização melhoraria a vida dos Inspetores, o diretor explicou que a categoria, apesar de ter transformado  e mantido o sistema prisional capixaba como referência nacional, conforme apontado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), amarga o pior salário da federação. Sem condições financeiras, a maioria dos Inspetores mora em bairros periféricos, com alta índice de vulnerabilidade, não dispõe de carro, a maioria, se locomove de moto - o que aumenta a exposição.

“O Estado não tem provido segurança para os seus próprios operadores de segurança. Já tivemos casos de colegas se mudando de bairro juntamente com sua família, casos de servidores que adoecem pelo estresse e desgaste psicológico da escala de trabalho (há quem trabalhe dia sim, dia não dentro do presídio), além de casos tentados de homicídios e também homicídios consumados”,  afirmou Rhuan, que continuou.

"O quadro de servidores com relação ao número de presos é extremamente baixo, estamos há sete anos sem abertura de concurso público, o número de Inspetores hoje é o mesmo de 2009, quando o Estado tinha cerca de 10 mil presos, hoje são 23.500 internos para o mesmo número de efetivo”, afirmou.

Em nota, a Sejus confirmou ao jornal o número de presos dispostos nas 35 unidades prisionais do Estado, no entanto, alegou que o número de servidores é suficiente para mantê-lo e disse que não há previsão de abertura de concurso público.

“A realidade contradiz a nota da Secretaria. Há unidades que têm funcionado com cinco servidores para 1.300 presos. Abordamos essa questão com o Estado continuamente, alertamos dos riscos de manter um quadro tão defasado nessa bomba-relógio (conforme classificou o próprio governador do Estado, Renato Casagrande) que é o sistema prisional capixaba superlotado. Para o Sindicato, nas reuniões, o órgão reconhece esse déficit e diz que vai buscar alternativas para minimizá-lo, não entendemos o motivo de vir a público rebater a informação, soa como tentativa de desqualificar uma reivindicação comprovadamente pertinente", refletiu.

O diretor ainda lembrou que dos 1.900 Inspetores efetivos que atuam hoje na Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), 350 estão desguarnecidos, sem arma acautelada pelo Estado. 

"O armamento é um equipamento de proteção individual (EPI) obrigatório e depois de três anos de processo de compra foi entregue à Sejus, no entanto, ainda não foi distribuído para os servidores".

Assessoria de Comunicação do Sindaspes

Kamila Rodrigues
Tel.: (27) 99809-6376

Diretor de Comunicação e Assistência Social do Sindaspes
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